Em Dezembro de 1967 foi levado ao Hospital da cidade do Cabo o corpo de uma jovem atropela. Foi-lhe atribuída morte cerebral pois apesar da sua cabeça estar completamente esmagada, o seu coração continuava a bombear!Hamilton Naki era o principal assistente do Dr.Chris Barnard, no entanto não podia tocar no corpo. As leis do Apartheid e da terra proibiam-no a ele, como negro, a cortar carne de “branco” ou a estar em contacto com sangue de “branco”... Mas para Mr.Naki o Hospital Groote Schuur abriu uma secreta excepção!
Este homem possuidor de umas mãos com uma enorme destreza, de uma fabulosa habilidade técnica e de uma mente astuta era simplesmente um génio em intervenções delicadas. Foi pioneiro em procedimentos de transplante de órgãos na cidade do Cabo onde deu um contributo incalculável durante o primeiro transplante de coração bem sucedido em humano.
Apesar da sua obra, manteve-se “oculto” durante anos, como cirurgião clandestino devido à irracionalidade da sociedade. Ensinou cirurgia e desempenhou operações com sucesso durante 40 anos, ao final dos quais se reformou com estatuto de Jardineiro e com um rendimento mensal de 275euros.
Aos 72 anos de idade, após a queda do Apartheid, foi galardoado com o prémio honorário em Ciência e Medicina em Junho de 2003.
Hamilton Naki já saiu de cena. Fica irreversivelmente para a história, não só como um exemplo pela sua humanidade mas também por nunca ter reclamado das injustiças que sofreu durante toda a sua vida.
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